"O MAIOR ACERVO DA INTERNET DE FICHAS TÉCNICAS DE CAMPEONATOS NO BRASIL"
Veja o indíce dos Campeonatos clicando em http://indiceblogdomarcao.blogspot.com/

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

SOBRE O SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE

SOBRE O SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE,
a história que não querem que conheçam

Quando um clube ganha a dimensão do São Paulo Futebol Clube, de reconhecimento internacional e de estrutura modelar para muitos do futebol brasileiro, particularidades acabam gerando controvérsias.

Vejam, por exemplo, Depois de instituído oficialmente o Campeonato Brasileiro de Futebol em 1971 pela CBF, o clube do Morumbi foi o primeiro pentacampeão brasileiro (em 2007) com direito em ter em definitivo à chamada “taça das bolinhas”.
Então, por que motivo não lhe foi entregue definitivamente a taça em referência. Respondo: do outro lado está o Clube de Regatas Flamengo, campeão da Taça União (criada para por fim a uma dissidência dos grandes clubes do país em conflito com a CBF).
A imprensa, dominada por questões de paixões clubísticas, (leia-se Flamengo / Corinthians Paulista) desconsideram que os dois finalistas da Taça União teriam que cruzar com os dois finalistas do outro módulo para sagrar Campeão do Brasil. E que os mesmos não o fizeram (Flamengo e Internacional de Porto Alegre), abrindo caminho para Sport do Recife e Guarani de Campinas realizarem a grande final. Deve-se relembrar que Inclusive às datas do cruzamento, houve escala de juiz, entrada dos clubes em campo (no caso só um) e nesses casos, vitória por ausência do adversário. Finalizando, Sport Recife, Campeão Brasileiro, e Guarani, vice, foram os legítimos representantes brasileiros na Libertadores da América no ano seguinte.
Portanto, não há o que polemizar. Considerando inclusive que o Flamengo, inconformado com a não oficialização do título da Taça União, usou de todas as instâncias da justiça para que os finalistas legais, Sport Recife e Guarani, do Brasileiro de 1987 perdessem o reconhecimento oficial e... perdeu todas.

Abri todo esse extenso parágrafo para mostrar como a imprensa esportiva é parcial e que acaba em grande parte colocando-se contra o que não for a favor dos “grandes do povão” (mesmo diante do crescimento nas pesquisas da torcida são-paulina em todo o país) e, por conseqüência, ao tricolor do Morumbi. Tudo isso, para abordar sobre a fundação do São Paulo FC e de seu título de 1931.
Agora, eu vou mais além, ou melhor, retorno para antes desses fatos e por razões que iremos demonstrando cronologicamente, mostrar a história que não querem que conheçam.

Em 09 de novembro de 1902, na então pacata cidade provinciana de São Paulo de Piratininga, dando os primeiros passos no esporte que iria conquistar o povo brasileiro e o mundo, o futebol, surge a Associação Atlética das Palmeiras.
Seu campo localizava-se na Avenida Angélica e adotou as cores preta e branca. Considero este o instante, ainda que embrionário, do início da saga tricolor.
Em 1903 a AAP, como veremos o futuro SPFC, se define como novo integrante da Divisão A do futebol paulista vencendo o Internacional de Santos por 4 a 0.
Em 1906 a AAP, instala-se na Chácara da Floresta (Ponte Pequena). Apesar das dificuldades dos primeiros tempos levanta os títulos máximos do futebol paulista em 1909, 1910 e 1915.

Ao fim da década de 20 e início da década de 30, a vida brasileira, ainda dominada pela política “café com leite” e com os Barões do Café enfrentando as dificuldades da quebra da Bolsa de Valores de 1929 em Nova Iorque, Estados Unidos da América, no futebol se praticava um amadorismo “marrom”, isto é, um profissionalismo disfarçado.
A era romântica do futebol estava acabando. Os grandes times do amadorismo enfrentavam essa realidade. O grande Clube Atlético Paulistano, detentor de 11 títulos paulistas, o primeiro a ser reconhecido no exterior (França) como os “Reis do Futebol” não aceitava essa condição. O grande Paulistano fecha seu Departamento de Futebol conquistando seu último título paulista (1929) e na mesma época, em 1930, a AAP extingue-se.
E, o que ocorreu? Havia um patrimônio sem clube e sem time (a AAP, em processo de falência) e um time (Fried, e outros craques do glorioso Paulistano) sem clube.
Nesse contexto é dada uma solução simples, funde-se o clube e patrimônio da Associação Atlética das Palmeiras (preto e branco) com o time de jogadores e sócios descontentes com o fim do Departamento de Futebol do Clube Atlético Paulistano (vermelho e branco).
Surge o São Paulo Futebol Clube, tricolor (vermelho do Paulistano, preto da AA Palmeiras e branco de ambos). Ora, nesse sentido o São Paulo FC é a continuação da AAP, inclusive porque, na incorporação do patrimônio da AAP, acompanha o Estádio de Futebol da Chácara da Floresta, isto em 27 de janeiro de 1930.

Não é por acaso que em 1930, jogando na Chácara da Floresta e com os ex-jogadores do Paulistano o tricolor já é vice-campeão paulista e conquista o título em 1931. O timaço dessa época levou ainda a um tri vice-campeonato em 1932, 1933 e 1934.
Mas, ao final de 1934, as dívidas acumulam-se e o São Paulo vive seu período mais crítico de toda a sua história (de 1902 aos dias de hoje). E para superar a situação de falência em 1935 funde-se com o Clube de Regatas Tietê, seu vizinho na Chácara da Floresta (que irá incorporar também a tradicional Associação Atlética São Bento). Parte dos associados não aceita essa fusão e forma o chamado Grêmio Tricolor e que em 04 de junho refundam como Clube Atlético São Paulo que a 12 de dezembro de 1935 realiza sua última mudança e definitiva pra São Paulo Futebol Clube.

Enfim, o que quero demonstrar aqui é que nunca existiu um São Paulo da Floresta Futebol Clube, como querem alguns da imprensa esportiva. A sigla SPFFC, nunca houve. A taça da conquista de 1931 está no Museu do São Paulo FC.
O São Paulo (AAP da Angélica) é o São Paulo da Floresta, que é o mesmo São Paulo do Canindé (quando trocou a Chácara da Floresta pelo Canindé, depois comprado pela Portuguesa de Desportos) e o São Paulo do Morumbi. Esses “São Paulos” é o mesmo São Paulo, só com endereços diferentes.
Ou, seguindo a lógica dos anti-sãopaulinos, seria como identificar separadamente CBD e CBF e dessa forma, não seríamos mais pentacampeões do mundo. O Reino do Sião que troca de nome para Tailândia, o Império da Pérsia que muda para Irã, a troca de nome da cidade de Bizâncio, Constantinopla para a atual Istambul, todos perderam suas origens por que os nomes mudaram? Não!

Aos torcedores de outros times sei que por mais fatos que sejam trazidos continuarão a alimentar as discórdias e diminuírem os feitos do tricolor do Morumbi.

Mas, aos historiadores e aos são-paulinos de alma, não sejam enganados: descubram a história que não querem que conheçam. Não deixem de contabilizar os três títulos da era romântica, como AAP, e, sobretudo, o início pungente que poucos times carregam em sua história do esquadrão liderados por Friedenreich entre 1930 e 1934. A história que segue depois, todo mundo já conhece...
“Hay que endurecer pero sin perder la ternura jamás”.

2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo com a inclusão dos títulos de 1909, 1910 e 1915 da AAP. Inclusive tenho postado isso na SPFCpédia. Foi uma surpresa encontrar quem tenha o mesmo raciocínio nesse ponto.

http://spfcpedia.blogspot.com/2009/03/criticas-e-sugestoes.html

Alguém aqui sabe se a inscrição da AAP coincide com a do SPFC? Acho que não, pois a AAP participava da LAF (Liga dos Amadores do Futebol) em 1929.

jornal da grande natal disse...

Simplesmente sensacional a explicação. A história do Tricolor até parece com a do Colorado, Pinheiros e Paraná Clube e seus antecessores.